A luta por igualdade de gêneros no mundo dos negócios está longe de terminar. Apesar disso, já podemos observar algumas vitórias, que não são só das mulheres, mas do mercado como um todo. Hoje as empreendedoras já são metade dos profissionais que optam por um negócio próprio e, apesar do combate diário ao preconceito, em alguns casos, apresentam taxas de sucesso muitas vezes superiores às dos homens.
Há uma diversidade positiva e produtiva na gestão empresarial que só chegou à esfera econômica graças a esse espaço conquistado por grandes empreendedoras. Infelizmente, ainda vemos muitas notícias equivocadas simplesmente abordando o empreendedorismo feminino pelo lado do clichê e não pela visão do trabalho árduo realizado pelas profissionais.
É comum se observar um foco em como é difícil conciliar o trabalho e o ser mãe, quando na verdade essa dificuldade também deveria se estender ao ser empreendedor e pai. Ainda se houve frases prontas como “elas são intuitivas, sensitivas”. Colocações como essa são na verdade ofensivas. Ser mãe ou pai, ser intuitivo ou não, não tem nada a ver com ser uma boa profissional. A razão do sucesso das mulheres no mundo dos negócios está justamente nas dificuldades que enfrentaram e venceram, naquilo que as motivou.
Foi por terem salários mais baixos que muitas delas abraçaram o empreendedorismo. Em alguns casos, foi pelo combate ao preconceito, que muitas estudaram de maneira muito mais dedicada. Foi pelo simples desejo de seguir um sonho que se observou com atenção e cuidado o plano para conquistar o sucesso de uma empresa. Ser reconhecido por si mesma já é motivador o bastante.
Um fato interessante dessa situação é que alguns teóricos já constataram que as mulheres tem uma capacidade de olhar situações de maneira mais ampla, mas não tão específica, enquanto que os homens as observam de maneira mais focada, mas ignorando o que está em volta. Nenhuma das duas maneiras é superior, são apenas diferentes e para momentos distintos da administração.
O caso é que um mercado saturado de homens tende a criar empresas sem visão ampla, o que gera uma brecha mercadológica para a lógica administrativa típica de uma mente feminina. Isso tem a ver com a formação neurológica e em parte até social. É por isso que cada vez mais empresas mesclam suas equipes entre homens e mulheres, para que ambas as oportunidades sejam aproveitadas.
Isso não muda o fato que muitas mulheres empreendedoras aproveitaram essa situação para apresentar ao mercado algo diferente e com novos potenciais de negócio. Um exemplo foi o caso da Marie Chantal Calil de Sá. Ela se uniu ao marido para abrir sua segunda empresa, uma unidade franqueada da Sucão, rede de alimentação saudável especialista em sucos.
Aproveitando justamente esse conceito, o marido dela passou a gerenciar aquilo que era mais pontual, o departamento financeiro, e ela assumiu a gestão cotidiana da empresa. A advogada de 47 anos possui um escritório de advocacia, porém ao se mudar para Valinhos, interior de São Paulo, percebeu que ali havia uma brecha de mercado: a ausência de opções de restaurantes saudáveis. Ela percebeu que não era a única a sentir falta disso e se decidiu por investir na franquia.
Vinda de São José dos Campos, Marie tem três filhos e se mudou a fim de ficar mais próxima da filha do meio que estudava em Campinas e precisava de um estilo de vida mais tranquilo devido à saúde. Atualmente, tanto a filha como seu filho mais velho trabalham com ela na nova unidade da Sucão, que já funciona há 3 meses e já passou a dar retorno de investimento no primeiro mês, justamente devido ao vácuo mercadológico da região aliado à boa administração da empresária.
Ao longo de sua carreira ela já enfrentou algumas dificuldades por ser mulher e enfrentar um mundo muito machista, mas sua visão empreendedora e engajada sempre a mantiveram no caminho certo. Sua estratégia envolve muito da proximidade com o cliente, gerando um relacionamento mais pessoal e que funciona bem com o público da franquia.
Para Marie, ser mãe e ser empreendedora é algo que demanda esforço na gerencia do tempo, mas é algo totalmente possível, e de valores importantes para passar aos filhos. Para ela que escolheu abraçar essas três carreiras, o que torna tudo possível é a compreensão e a dedicação.
O mercado de franquias de alimentação saudável cresceu muito nos últimos anos e tem boas perspectivas para 2017. Entretanto, aproveitar isso só é possível com a mente focada, a preparação, o planejamento e a dedicação que só uma grande profissional pode oferecer. Esse é o diferencial. Esse é o ganho para o empreendedorismo.
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Antônio Ricardo Mesquita é sócio fundador da Sucão, franquia de alimentação saudável que se destaca no mercado Fast and Healthy Food.